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As 10 Melhores BDs que li em 2015 - Parte 1

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Ao contrário do ano passado, em 2016 consegui que esta lista das melhores Bandas Desenhadas que li pela primeira vez em 2015, ficasse disponível logo no início de Janeiro.
Num ano tão recheado, tanto em quantidade como em qualidade, de grandes livros, não foi fácil escolher dez títulos. Acabei por optar por estes dez, mas quase podia ter escolhido outros tantos.
Aqui fica a primeira parte da lista, ordenada por ordem alfabética. Para a semana, fica prometida a segunda, e última, parte.

1 - Alias: A.K.A. Jessica Jones, Bendis e Gaydos, Marve/Max
Confesso que, na altura em que saiu, não senti grande interesse em ler esta série. Só este ano, graças à excelente série Jessica Jones, da Netflix, decidi corrigir o erro.O traço de Michael Gaydos, que me parecia demasiado estático e pouco atraente, funciona perfeitamente nesta série, articulando-se harmoniosamente com os diálogos de Brian Michael Bendis, aqui ao seu melhor nível.
Embora mantendo um nível geral muito alto, a série tem momentos geniais, como o episódio, inteiramente pintado por Gaydos, em que Jessica é contratada por J. Jonah Jameson para investigar o Homem-Aranha para o Daily Bugle, ou o último arco de histórias, que serviu de base à série da Netflix.
2 - DKIII: The Master Race, Miller, Azzarello, Kubert e Janson, DC Comics
Tendo em conta os últimos trabalhos de Frank Miller, havia fundados receios quanto a este terceiro Dark Knight. Mas Miller, que parece ter vencido a doença que o afectou nos últimos anos, regressou à BD cheio de energia e em grande forma. Rodeado de uma equipa de luxo, onde se destaca o argumentista Brian Azzarello, que assina a história ao lado de Miller, e o arte-finalista Klaus Janson, que volta a trabalhar com Miller 30 anos depois, DKIII mostra, por enquanto (apenas saíram 2 dos 8 capítulos da série) estar à altura da história original, criando uma continuação que não esquece o Dark Knight Strykes Again, actualizando o universo criado por Miller para o século XXI. Bem escrito, bem desenhado (por um Andy Kubert que faz uma síntese bem interessante entre o Miller do Dark Knight e o Miller do Sin City, sem abdicar do seu estilo próprio) melhor narrado e superiormente produzido, DKIII, não podendo ter o impacto da história original, não desmerece em nada em nada o recheado currículo dos autores envolvidos.
3 - Kong, the King, Osvaldo Medina, Kingpin Books
Osvaldo Medina já tinha mostrado ser um dos mais produtivos e versáteis desenhadores nacionais, mas neste Kong, the King afirma-se como autor completo, contando uma história de mais de cem páginas inteiramente sem palavras, recorrendo apenas ao desenho.
Variação sobre o filme King Kong, com o gorila gigante a ser substituído por um guerreiro selvagem, Kongé uma história tão simples como eficaz, com eventuais laivos autobiográficos, contada com a mestria narrativa ímpar, que revela um autor com um perfeito domínio da linguagem da Banda Desenhada.
4 - La Casa: Crónica de una Conquista, Daniel Torres, Norma Editorial
Fruto de seis anos de trabalho, entre a pesquisa, concepção e o desenho final, La Casaé um projecto tão ambicioso como conseguido, de tratar a evolução dos edifícios como espaço de vivência ao longo da história, recorrendo ao texto, à ilustração e à Banda Desenhada, que marca o regresso em grande de Daniel Torresàs Livrarias.
Obra monumental, de quase 600 páginas, divididas por 26 capítulos, La Casa reúne uma série de relatos, em que o grafismo, a planificação e o ritmo narrativo se vão alterando conforme as épocas, tendo como protagonista a casa, enquanto um espaço interior habitado por personagens . Um espaço de memória que, nas palavras do autor, surge como "teatro da vida privada, cenário de paixões, marco de ruídos e silêncios e lugar de aprendizagem  e de recordação".O resultado é um livro extraordinárioe inclassificável
5 - Le Rapport de Brodeck Vol 1, Manu Larcenet e P. Claudel, Dargaud
Depois de Blast!, Manu Larcenet volta a surpreender os leitores com esta adaptação de um romance de Philippe Claudel, vencedor do Prémio Goncourt em 2007.Escritor e cineasta, Claudel que recusou diversas propostas de adaptação cinematográfica do seu livro, não hesitou a dar luz verde a Larcenet, para adaptar o seu livro à BD. E o resultado é espectacular. Usando um preto e branco de alto contraste, Larcenet constrói uma história sombria, de grande tensão psicológica, revelando um extraordinário talento gráfico que o seu registo caricatural, em obras como Le Combat Ordinaire, ou Le Retour à la Terre não deixavam antever.Um livro tão belo como perturbador, que mostra um Larcenet cada vez melhor desenhador e um verdadeiro mestre do preto e branco.
Continua...

As 10 Melhores BDs que li em 2015 - Parte 2

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Aqui está finalmente a segunda e última parte desta lista. Estive indeciso entre a série Undertaker e Sykes, dois excelentes Westerns, mas acabei por optar por Sykes, pela descoberta de um grande desenhador, Dimitri Armand. A nova série de Jason Aaron e R. M. Gera, The Goddamned, também esteve quase a entrar nesta shortlist, mas ainda apenas saíram dois números desta nova série e algumas séries não cumprem as expectativas cridas pelos primeiros números. Basta pensar  na série Sex Criminals, que começou de forma espectacular, mas decaiu muitíssimo nos últimos tempos...


6 - Pepe, Vols 1 a 5, Carlos Giménez, Panini
Embora seja conhecido principalmente como o melhor desenhador de sempre da Vampirella, José (Pepe) Gonzalez foi muito mais do que isso. Foi um fabuloso ilustrador, com uma capacidade única para desenhar mulheres e uma personagem fascinante, com uma vida de boémia e um lado sombrio que os seus desenhos não revelavam. Seu companheiro na agência Selecciones Ilustradas de Josep Toutain, Carlos Giménez que já tinha contado esses tempos em BD na série Los Professionales, volta ao tema, socorrendo-se das suas memórias, dos depoimentos de quem conheceu Pepe ao longo da vida e de um exaustivo trabalho de investigação, para criar este biografia monumental de Pepe Gonzalés. O artista, mas sobretudo o homem.



7 - Sykes, Dubois e Armand, Signé/Lombard
Decididamente, o Western na BD franco-belga vive uma nova época de ouro. Basta pensar nas séries Bouncer e Undertaker e, sobretudo, neste Sykes. Escrito por  Pierre Dubois, um escritor mais conotado com a fantasia, graças às dúzias de livros e BDs que dedicou ao tema, este belíssimo Western parte de uma história clássica de vingança  a que o soberbo traço de Dimitri Armand, um artista tão talentoso como versátil (é o desenhador da nova versão de Bob Morane) dá uma dimensão superlativa. Em suma, uma boa história, muito bem contada e melhor desenhada.


8 - The Sandman: Overture, Neil Gaiman e J. H. Williams III, DC/Vertigo 
Muito aguardado pelos fãs, este regresso de Neil Gaiman a Sandman, cumpre as altíssimas expectativas criadas. Gaiman fecha o ciclo, com grande eficácia e elegância, contando uma história que nos mostra como Morfeus foi parar na situação difícil em que se encontra no início da série, mas quem mais brilha é a arte de J.H.Williams III, um fabuloso ilustrador, que consegue superar o seu extraordinário trabalho gráfico em Promethea e Batwoman. Tão talentoso como versátil e criativo, Williams tem aqui um trabalho absolutamente sublime, de uma beleza avassaladora.


9 - The Sculptor, Scott McCloud, SelfMadeHero
O regresso de Scott McCloud à BD, depois de três livros sobre BD, entre os quais o incontornável Understanding Comics, faz-se com este The Sculptor. Um belo romance gráfico com quase quinhentas páginas, que, apesar de por vezes resvalar para a lamechice, é uma muito bem construída reflexão sobre o amor, a morte e a criação artística, marcada por algumas soluções narrativas, tão interessantes como inovadoras



10 - Tungsténio/ Talco de Vidro, Marcelo Quintanilha, Polvo 
Marcelo Quintanilha é um dos mais interessantes autores brasileiros da actualidade e os dois livros, que juntei numa única entrada, por os ter lido de seguida e terem vários pontos de contacto, confirmam-no. Tungsténioé um policial negro passado na Baía e Talco de Vidroé um drama psicológico, mas em ambos os casos, a qualidade dos diálogos e da voz off, que me lembrou a escrita de Rubem Fonseca, e o talento narrativo, com algumas soluções gráficas muito interessantes para mostrar a perturbação da personagem de Talco de Vidro, mostram um autor completo, com um perfeito domínio da linguagem da BD.  

A Caminho de Angoulême

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Mantendo a tradição que, neste caso, felizmente que ainda é o que era, lá vou mais mais uma vez ao Festival de Angoulême. Num ano marcado pela polémica em torno da ausência de mulheres nos candidatos ao Grande prémio, que a organização resolveu de forma canhestra, juntando Claire Wendling, uma excelente ilustradora, mas que já não faz BD há mais de 20 anos, à lista final de candidatos, não faltam motivos de interesse para o visitante.
Desde logo a presença, rara, de Katshuiro Otomo, o criador de Akira e autor do magnífico cartaz, cheio de pormenores deliciosos, Mas também não faltam grandes exposições, como a dedicada a Morris, o criador de Lucky Luke, a Hugo Pratt e ao seu Corto Maltese, para além evidentemente, da mostra dedicada a Otomo.
No início de Fevereiro, podem contar com a habitual reportagem fotográfica aqui no blog, mas como este ano, por razões de trabalho, vou ter de ir com o computador atrás, contém também com algumas notícias em directo, durante o Festival.
Vemo-nos por aqui.

Hermann - Grande Prémio em Angoulême

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Ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, este ano, o Grande prémio de Angoulême foi anunciado ainda antes do Festival começar. Da lista final de três autores, Alan Moore, Claire Wendling e Hermann, a escolha dos autores de BD votantes acabou por cair em Hermann, que vemos na imagem acima, a receber o troféu das mãos de Katshuiro Otomo, o anterior vencedor.
Independentemente de ser grande admirador do desenhador belga, esta parece-me a escolha óbvia, pois Wendling, apesar de ser uma extraordinária ilustradora, não tem uma carreira na BD que justifique uma distinção destas e Moore já declarou por diversas vezes que não estava interessado em receber o Prémio.
Autor de Jeremiah e das Torres de Bois Maury, para além de dezenas de histórias soltas, ilustrador de Comanche e de Bernard Prince - série cuja colecção, distribuída com o jornal Público, chega ao fim no mesmo dia em que lhe é atribuido o Grande Prémio de Angoulême - Hermann  é um vencedor mais do que merecido e esta distinção só peca por tardia. E o facto de só agora ter acontecido, justifica-se pelos anti-corpos que Hermann, pela sua frontalidade, tinha junto do colégio dos anteriores vencedores, que durante muitos anos escolheu o vencedor do Grande Prémio.
Grande desenhador, notável aguarelista e extraordinário contador de histórias, Hermann, aos 77 anos, permanece em grande forma e extremamente activo, tendo acabado de lançar um novo álbum, Old Pa Anderson que, diz quem já leu, está ao nível dos seus melhores trabalhos.
Felicitando Hermann que, como pôde constatar quem com ele contactou no Festival de Beja, até é uma pessoa de trato bem agradável, deixo-vos com as declarações do próprio sobre o merecido prémio que consagra uma carreira de mais de quarenta anos ao mais alto nível.

Apresentação da colecção Super-Heróis DC

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É já na próxima quinta-feira, 4 de Fevereiro, que começa a nova colecção que o Público e a Levoir dedicam à  DC. Como de costume, aqui vos deixarei no dia de saída de cada livro, o texto que escrevi sobre ele para o jornal Público, excepto quando sou o autor do editorial, em que publicarei aqui o editorial, limitando o texto do Público à imagem do jornal. mas por agora, aqui fica o destacável de 4 páginas de apresentação da colecção distribuído no último domingo  e redistribuído esta terça-feira.


AINDA ANTES DE CHEGAREM AO CINEMA, 
OS SUPER-HERÓIS DA DC REGRESSAM AO PÚBLICO

Ainda antes de chegarem às salas de cinema, em Março, no filme Batman V Super-Homem: O Despertar da Justiça, que abre caminho ao filme da Liga da Justiça, os principais Super-Heróis da DC, a editora do Super-Homem, do Batman, da Mulher-Maravilha e da Liga da Justiça, regressam aos quiosques nacionais com o Público, já no início de Fevereiro.
Fundada em 1934 como National Allied Publications, a DC Comics, editora responsável pela publicação dos primeiros e mais icónicos Super-Heróis, tem uma história rica de mais de oitenta anos, mas que ao longo das décadas tem sabido adaptar os seus heróis às diversas mudanças que afectaram a sociedade americana e o mundo.
Na anterior colecção dedicada à DC, pudemos ler a Crise Das Terras Infinitas, uma daquelas sagas épicas, envolvendo a grande maioria dos heróis da editora, que ajudou a reformular o universo da DC e resolver algumas incoerências que uma continuidade de algumas décadas necessariamente acarreta, apagando o passado e criando uma nova era, em que surgem novos heróis, alguns heróis ficam pelo caminho e outros vêm a sua história (mais ou menos) alterada.
E é precisamente a mais recente dessas reformulações, a linha Novos 52 - que em 2011 veio transformar o universo DC para o século XXI, relançando a totalidade da sua linha editorial, num total de 52 títulos, incluindo títulos como Action Comics e Detective Comics, que se mantinham em publicação há mais de 70 anos - que está no centro desta colecção. Uma colecção que acompanha as mais recentes fases das aventuras do Batman, do Super-Homem, da Mulher-Maravilha e do Aquaman, que ocupam sensivelmente metade dos volumes. Não por acaso, é precisamente o volume da Liga da Justiça a abrir a colecção, pois a nova fase do grupo que reúne os maiores heróis do Panteão da DC, cuja acção decorre cinco anos antes dos restantes títulos dos Novos 52, mostra precisamente como todos esses heróis se encontraram pela primeira vez no Universo Novos 52 e decidiram juntar-se para combater grandes ameaças.
Outro destaque natural, também da Linha Novos 52, vai para a nova fase do Batman, de Scott Snyder e Greg Capullo, que tem sido um estrondoso sucesso, tanto crítico como comercial. Uma fase espectacular, que podemos acompanhar em três volumes, preenchidos com algumas das melhores histórias do Cavaleiro das Trevas das últimas décadas.
Numa colecção que traz de volta heróis como Lanterna Verde e Flash, recupera clássicos como O Contrato de Judas e Saga das Trevas Eternas e, como veremos mais à frente, assinala ainda a estreia em Portugal de novos heróis, estando também atenta à presença dos heróis da DC no cinema, há um título e um autor que não podem deixar de merecer uma referência muito especial. Refiro-me naturalmente a Jack (King) Kirby e ao seu Quarto Mundo.

Nome maior da história dos comics, responsável, ao lado de Joe Simon e de Stan Lee, pela criação dos maiores heróis da Marvel, do Capitão América, ao Quarteto Fantástico, passando pelo Hulk, Thor e o Surfista Prateado, Kirby, a quem chamavam o Rei dos comics, trocou na década de 70 a Marvel pela DC. Aí, em total liberdade, criou há precisamente 45 anos, que se completam este mês de Fevereiro, uma saga cósmica de uma dimensão épica nunca antes vista e, até agora, raramente igualada, cuja acção se espalhava por quatro títulos diferentes. É dessa saga, que ficou conhecida como O Quarto Mundo, onde nasceram personagens como Darkseid - a encarnação suprema do mal no Universo DC que é o adversário da Liga da Justiça no volume que abre esta colecção e da Legião dos Super-Heróis no volume 10 - que os leitores podem ler uma selecção de histórias, bem demonstrativas do talento visionário e do sopro épico da fase mais criativa da longa carreira do King.

1 – Liga da Justiça: Origem
04 de Fevereiro
Argumento – Geoff Johns 
Desenhos – Jim Lee e Scott Williams
Eles são os maiores super-heróis do planeta, a última linha de defesa da Terra contra as piores ameaças cósmicas. Mas houve um tempo em que Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha Flash, Lanterna Verde, Aquaman e Ciborgue ainda não eram a Liga da Justiça. Poderão eles esquecer as suas diferenças e unir-se para salvar o mundo? Ou irão destruir-se uns aos outros antes?
Geoff Johns e Jim Lee assinam a primeira aventura da Liga no universo dos Novos 52, uma história que relança o universo DC para toda uma nova geração.

2  – Super-Homem: Contra o Mundo
11 de Fevereiro
Argumento – Grant Morrison 
Desenhos – Rags Morales e Andy Kubert
Ele é superpoderoso, imprevisível, determinado... e completamente impossível de controlar. O mundo divide-se entre aqueles que temem o Super-Homem, e os que o vêem como defensor dos oprimidos. Mas, quando uma estranha ameaça vinda do espaço faz com que o mundo precise do herói que perseguiu e tentou matar, estará ele ainda disposto a ajudar?
O maior dos super-heróis é aqui reinventado pelo génio de Grant Morrison e pelo traço de Rags Morales, que criam uma nova origem para o Homem de Aço, catapultando o Super-Homem para uma nova e excitante era.

3  – Batman: Corte das Corujas
18 de Fevereiro
Argumento - Scott Snyder 
Desenhos – Greg Capullo
Uma série de homicídios brutais abalam a cidade de Gotham, e o Batman começa a suspeitar de que estes crimes vão bem mais fundo do que as aparências sugerem. No rasto de uma misteriosa conspiração, que todos pensavam não passar de uma lenda urbana, Batman terá de enfrentar a Corte das Corujas, uma sociedade secreta que governa nas sombras o destino de Gotham, numa batalha que pode pôr em causa a sua própria sanidade.
Com argumento de Scott Snyder e arte de Greg Capullo, Corte das Corujas é a primeira história do Batman no universo DC dos Novos 52 e o início de uma etapa incontornável na história do Cavaleiro das Trevas.

4  – Batman: Cidade das Corujas
25 de Fevereiro
Argumento - Scott Snyder
Desenhos –  Greg Capullo
Durante mais de um século, a Corte das Corujas dominou a cidade Gotham no mais completo segredo, até que o Batman descobriu a sua existência. O Cavaleiro das Trevas sobreviveu a custo à primeira batalha contra o seu inimigo, mas a guerra está longe de terminada. O Batman era apenas o principal obstáculo ao objectivo maior da Corte das Corujas: a própria cidade de Gotham.
Scott Snyder e Greg Capullo, uma das mais célebres duplas de criadores de comics, assinam esta conclusão à saga da luta entre Batman e as forças mais antigas e sombrias da cidade que ele jurou proteger.

5  – Arqueiro Verde: Ano Um
3  de Março
Argumento – Andy Diggle
Desenhos – Jock
A vida do jovem milionário Oliver Queen muda radicalmente quando naufraga numa ilha perdida no Pacífico. Neste cenário hostil, onde as ameaças não são apenas naturais, terá de combater os traficantes que controlam a ilha, armado apenas com um arco improvisado. É então que a luta pela sobrevivência se transforma numa luta pela justiça e o playboy egoísta e irresponsável dá lugar ao Arqueiro Verde.
Andy Diggle e Jock criam a origem definitiva do Arqueiro Verde, numa história emocionante que redefine uma das mais icónicas personagens da DC e influenciou a série televisiva Arrow. 

6  – Aquaman: O Abismo
10 de Março
Argumento –  Geoff Johns
Desenho – Ivan Reis e Joe Prado
Na sua estreia numa colecção de super-heróis do Público, Aquaman é confrontado com uma estranha e terrível ameaça que surge das profundezas oceânicas e ameaça destruir todo o Planeta. Uma ameaça que é também a oportunidade perfeita para o Rei dos Sete Mares provar a um mundo, que o desdenha e o vê como uma piada, que é um dos grandes super-heróis com que a Terra pode contar.
O relançamento do Senhor dos Sete Mares pela mão de Geoff Johns e de Ivan Reis, que ajudou a afirmar uma das mais antigas personagens da DC no firmamento do Universo DC Novos 52.

7  – Antologia Super-Homem/Batman
17 de Março
Argumento - Jeff Lemire
Desenho – Karl Kerschl e Scott Hepburn
O Super-Homem e o Batman são os maiores super-heróis de todos, os Melhores do Mundo, e a dupla mais icónica de sempre. Homem de Aço e Cavaleiro das Trevas uniram-se incontáveis vezes para combater o crime, e neste volume poderemos redescobrir por ordem cronológica algumas das suas maiores aventuras conjuntas.
Contando com histórias de várias épocas e de criadores tão diversos quanto Neal Adams, Brad Meltzer, Greg Pak e Curt Swan, esta antologia inclui também a história em que os dois se juntaram pela primeira vez, contada de duas perspectivas diferentes.

8  – O Quarto Mundo: Genesis e Apocalipse
24 de Março
Argumento e Desenho – Jack Kirby
Após inúmeras batalhas para lá do universo conhecido, o confronto cósmico entre os deuses de Nova Génesis e Apokolips chegou à Terra, onde o temível Darkseid busca a Equação Antivida. O poder do Quarto Mundo é então desencadeado em toda a sua fúria, e apenas heróis como Órion e o Povo Eterno poderão salvar o nosso planeta.
Jack Kirby, foi o criador daquela que é talvez a mais portentosa criação de toda a história dos comics: o Quarto Mundo. Um marco que se tornou num elemento fundamental do Universo DC. Uma saga cósmica, de uma complexidade e uma dimensão épica bem à frente do seu tempo, que esta antologia permite descobrir.

9  – Lex Luthor: Preconceito e Orgulho
31 de Março
Argumento – Brian Azzarello
Desenhos – Lee Bermejo
Um simples humano é o maior inimigo do mais poderoso de todos os super-heróis. O orgulho permitiu-lhe atingir a grandeza, mas o preconceito faz com que a deite constantemente a perder. Porque odeia Lex Luthor tanto assim o Homem de Aço, e o que faz dele simultaneamente o pináculo do potencial humano e o mais torpe dos vilões?
Depois de Joker, Brian Azzarello e Lee Bermejo provam, uma vez mais, que poucos autores compreendem os vilões DC como eles, e que menos ainda são capazes de os retratar de forma tão tragicamente humana.

10  – Legião dos Super-Heróis: Saga das Trevas Eternas 
07 de Abril
Argumento – Paul Levitz
Desenhos – Keith Giffen e Larry Mahlstedt
Despercebidas a meio da paz do séc. XXX, as trevas agitam-se pela vastidão do espaço sideral, anunciando a vinda iminente do seu senhor. Nem o universo, nem os seus maiores defensores, a Legião dos Super-Heróis, estão minimamente preparados para o que aí vem, e nem mesmo a presença do jovem Super-Homem, de visita do séc. XX, os poderá salvar. Porque as Trevas Eternas vêm aí.
Paul Levitz e Keith Giffen são os nomes que deram aos comics de super-heróis, uma das suas maiores sagas de sempre, aqui compilada pela primeira vez para o público português.

11  – Flash/Lanterna Verde: O Audaz e o Destemido  
14 de Abril
Argumento – Mark Waid
Desenhos – Barry Kitson, Tom Peyer e Tom Grindberg
O Super-Homem e o Batman podem ser os Melhores do Mundo, mas o Audaz e o Destemido sempre foram o Flash e o Lanterna Verde. Seja a combaterem invasores alienígenas, a lutarem pela admiração de outros ou a provarem-se perante os seus predecessores, o Corredor Carmesim e o Gladiador Esmeralda mostram aqui porque são duas das mais emblemáticas personagens da DC.
Mark Waid e Barry Kitson são os criadores desta história intemporal, que cobre todas as facetas da riquíssima história do Flash e do Lanterna Verde, e da amizade única que os une.

12  – Batman: O Regresso do Joker 
21 de Abril
Argumento – Scott Snyder
Desenhos – Greg Capullo
Depois de ter perdido literalmente a face, quando o seu rosto é removido cirurgicamente, o Joker desaparece durante mais de um ano. Aqueles que pensavam que o Arlequim do Crime estava escondido num canto, a lamber as feridas, enganaram-se, pois ele aproveitou esse tempo para urdir um complexo plano e agora está de regresso, mais sanguinário que nunca e disposto a destruir o Batman e todos os que lhe são próximos.
Scott Snyder e Greg Capullo prosseguem a sua passagem triunfante pela principal revista do Batman, com uma espectacular história de terror psicológico, que é uma das melhores histórias do Joker de sempre.

13  – Novos Titãs: O Contrato de Judas  
28 de Abril
Argumento –  Marv Wolfman
Desenhos – George Pérez 
Slade Wilson, o Exterminador, o mais mortífero dos mercenários, foi contratado pela C.O.L.M.E.I.A., uma organização secreta criminosa, para eliminar os Novos Titãs. Uma missão difícil de levar a cabo, mas o Exterminador conta com a preciosa ajuda de um traidor infiltrado no grupo de jovens heróis chefiados por Robin, para concretizar o seu mortífero objectivo.
Marv Wolfman e George Pérez têm aqui o ponto mais alto da sua passagem pela revista dos Novos Titãs, nesta saga épica, que se tornou um clássico incontornável da história da DC. 

14  –  Super-Homem/Mulher Maravilha: Par Perfeito
 05 de Maio
Argumento –  Charles Soule
Desenhos – Tonny S. Daniel
O Super-Homem e a Mulher-Maravilha são oficialmente um casal, e o mundo não sabe bem como reagir ao ver juntos os dois mais poderosos seres do planeta. Entre o fascínio exercido pelo “casal perfeito” e o medo de quem acha que, juntos, os dois seriam imparáveis, acaba por se formar uma tempestade perfeita quando se combinam os díspares mundos de ambos.
Charles Soule e Tony Daniel foram incumbidos de retratar a primeira relação romântica “oficial” entre o Super-Homem e a Mulher-Maravilha, e Par Perfeito foi o primeiro capítulo de grande sucesso dessa empreitada.

15  – Esquadrão Suicida: Nós que Vamos Morrer  
12 de Maio
Argumento – John Ostrander
Desenhos – Luke McDonnell, Karl Kesel, Luke McDonnell, Dave Humt e Bob Lewis
Pistoleiro, Encantadora, Beladona, Capitão Bumerangue, Tigre de Bronze. Estes são os vilões que, sob a coordenação do Coronel Rick Flagg Jr., formam o Esquadrão Suicida. Um grupo secreto do Governo Americano, formado por criminosos, recrutados por Amanda Waller em troca da redução das suas penas, para missões suicidas, de cuja existência em caso de fracasso, o governo podia facilmente negar ter conhecimento.
 John Ostrander e Luke McDonnell mostram-nos três missões do Esquadrão Suicida no tempo da Guerra Fria, dando a conhecer ao leitor português o primeiro super-grupo da DC a chegar ao cinema.

Super-Heróis DC 1 - Liga da Justiça: Origem

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LIGA DA JUSTIÇA ABRE NOVA COLECÇÃO 
DEDICADA AOS SUPER-HERÓIS DA DC

Super-Heróis DC Vol 1
Liga da Justiça: Origem
Argumento – Geoff Johns 
Desenhos – Jim Lee e Scott Williams
Quinta, 04 de Fevereiro
Por + 9,90 €

Antecedendo a chegada triunfante ao grande ecrã dos maiores heróis da DC, no filme Batman v Super-Homem: o Despertar da Justiça, o Público e a Levoir lançam na próxima quinta-feira, uma nova colecção de 15 volumes, dedicada aos Super-Heróis da Editora do Batman e do Super-Homem.
Assim, até 12 de Maio, o leitor poderá acompanhar o regresso de velhos conhecidos, como a Liga da Justiça, Super-Homem, Batman, Arqueiro Verde, Mulher-Maravilha, Flash, Lanterna Verde, Legião dos Super-Heróis e Novos Titãs, descobrir grandes sagas clássicas como O Contrato de Judas e Saga das Trevas Eternas e conhecer novos heróis e vilões como o Aquaman e o Esquadrão Suicida.
Mas os motivos de interesse desta nova colecção não se ficam por aqui, pois há ainda espaço para algumas das melhores histórias do Batman das últimas décadas, assinadas pela dupla Scott Snyder e Greg Capullo, para a origem definitiva do Arqueiro Verde, criada por Andy Diggle e Jock, e para a abordagem única de Brian Azzarello e Lee Bermejo ao maior dos inimigos do Super-Homem, Lex Luthor, com o mesmo toque inconfundível que fez da versão deles do Joker (publicada na anterior colecção que o Público e a Levoir dedicaram à DC Comics) um estrondoso sucesso crítico e comercial, que influenciou a versão cinematográfica do Joker no filme de Christopher Nolan.
Outro grande motivo de interesse desta colecção, é a estreia em Portugal, no exacto mês em que se comemoram 45 anos sobre o início da sua publicação original, da mais ambiciosa saga de Jack Kirby: o Quarto Mundo. Uma saga épica de uma escala cósmica claramente à frente do seu tempo, onde nasceu o mais poderoso vilão do Universo DC: Darkseid, o senhor de Apokopolis.
Finalmente, esta colecção assinala a estreia em edição nacional da Linha Novos 52, a mais recente reformulação do Universo DC, que em 2011 modernizou o universo da editora para os leitores do século XXI, através de um recomeço radical, que passou pela renumeração de todos os títulos da editora, incluindo revistas míticas como a Action Comics (onde nasceu o Super-Homem) e a Detective Comics (onde nasceu o Batman) que se mantinham em publicação ininterrupta desde a década de 30.
Se a linha Novos 52 arranca com os heróis já em actividade há cinco anos, a revista da Liga da Justiça, cujos seis primeiros números preenchem o volume inaugural desta colecção, mostra-nos o primeiro encontro entre os futuros membros da Liga da Justiça, então a darem os primeiros passos como combatentes do crime, podendo por isso ser considerada como a pedra angular da linha Novos 52.
Verdadeiro dream team super-heróico, a Liga da Justiça surgiu pela primeira vez em 1960, nas páginas da revista The Brave and the Bold, funcionando como sucessora da Sociedade da Justiça da América, criada nos anos 40 por Gardner Fox e pelo editor Sheldon Mayer, como montra para os super-heróis menos conhecidos da editora. O próprio Fox foi encarregue pelo editor Julius Schwartz de criar esta nova versão da Sociedade da Justiça, que mudou o nome para Liga, aproveitando o sucesso da recém-criada Liga Nacional de Baseball e, que ao contrário da sua antecessora, contava com os principais heróis como o Batman, ou Super-Homem. O sucesso da Liga foi um elemento fundamental no relançar das histórias de super-heróis durante os anos 60, mantendo-se desde então como o principal título da editora.
Nesta nova versão, a Liga conta com as principais figuras do Panteão da DC, como o Batman, Super-Homem, Mulher-Maravilha, Aquaman, Flash e Lanterna Verde, a que se junta o Ciborgue, personagem que nas anteriores versões do Universo DC, era membro dos Novos Titãs, sendo por isso uma escolha menos óbvia.
Para assinar esta história, fundamental na afirmação do universo dos Novos 52, a DC escolheu dois nomes de peso, bem conhecidos dos leitores destas colecções: Geoff Johns e Jim Lee.
Director Criativo da DC, escritor para televisão e proprietário de uma loja de comics, Geoff Johns começou a sua carreira como assistente de Richard Donner, o realizador do primeiro filme do Super-Homem, com Christopher Reeves. Johns é um dos mais populares argumentistas da actualidade, tendo escrito a maioria dos heróis da DC, como bem sabe quem acompanhou a anterior colecção dedicada à DC, onde assinou o argumento dos volumes dedicados ao Flash, Lanterna Verde e Super-Homem e à Legião dos Super-Heróis.
Verdadeira estrela dos comics e um dos directores criativos da DC, Lee estreou-se como desenhador na Marvel em 1987, tornando-se rapidamente num dos mais populares ilustradores da editora. Depois do grande sucesso como desenhador da nova série dos X-Men, Lee, juntamente com outros desenhadores, deixou a Marvel para fundar a Image, publicando as suas histórias através do Estúdio Wildstorm. Quando a DC comprou a Wildstorm em 1998, Lee teve finalmente a oportunidade de desenhar os maiores heróis da DC, como o Super-Homem, Batman e Liga da Justiça. Na anterior coleção da DC, assegurou o desenho dos dois volumes de Pelo Amanhã, uma história do Super-Homem, escrita por Brian Azzarello.
Fica aqui o convite ao leitor para, guiado por Johns e Lee, descobrir o universo dos Novos 52, através da primeira missão da Liga da Justiça, em que os maiores heróis da DC têm de enfrentar a ameaça cósmica de Darkseid.
Texto publicado originalmente no jornal Público de 27/01/2016

A Horda do Crepúsculo, ou quando Tex encontra Dylan Dog

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Aqui fica o primeiro texto que escrevi para a revista do Clube Tex Portugal, que me deu oportunidade de falar de um grande desenhador, Corrado Roi. Obrigado aos meus amigos José Carlos Francisco e Mário João Marques pelo convite, que me deu oportunidade de escrever sobre um dos meus géneros favoritos, tanto na BD, como no cinema (basta ver o título deste blog...). Para o próximo nº da revista do Clube Tex Portugal, já estou a preparar um artigo, que depois de sair na revista, será aqui reproduzido. Boa leitura!     

A HORDA DO CREPÚSCULO, OU QUANDO TEX ENCONTRA DYLAN DOG

Espaço de liberdade, que possibilita aos mais diversos criadores mostrarem a sua visão pessoal do mais famoso cowboy da Bonelli, os Tex Gigantes, ou Texones, como são conhecidos em Itália, têm dado a descobrir o trabalho de grandes ilustradores, italianos e não só. Autores que neles a oportunidade (e a responsabilidade) de ilustrar uma aventura épica de Tex, com maior liberdade e com outra dimensão (tanto em termos de número de páginas, como de formato).
Um dos últimos volumes da colecção que me levou a descobrir o universo Texiano, foi A Horda do Crepúsculo, o vigésimo nono volume da edição brasileira da Mythos, que passou de forma discreta pelos quiosques portugueses há um par de meses, e que reúne pela primeira vez numa aventura do ranger, Pasquale Ruju e Corrado Roi, dois dos nomes mais importantes associados à série Dylan Dog, outro título emblemático da casa Bonelli.

Nascido em 1962, Pasquale Ruju formou-se em arquitectura, mas preferiu dedicar-se à representação, fazendo teatro, cinema e dobragens para a Rádio e televisão italianas, o que lhe permitiu, anos mais tarde, participar na adaptação radiofónica de Dylan Dog, fazendo mesmo algumas das vozes de uma história que escreveu para a revista do investigador de Craven Road. Em 1994, Ruju entra para a editora Bonelli como argumentista, assinando uma história curta do detective do pesadelo, que seria publicada em 1995. A partir de 1997 começa a escrever regularmente para a revista de Dylan Dog e, em 2004, começa também a escrever histórias de Tex. Nestes quase vinte anos que leva como argumentista da Bonelli, Ruju escreveu também histórias ocasionais para as revistas Nathan Never, Dampyr e Martin Mystere, e assinou os argumentos das mini-séries Demian e Cassidy.
Ao seu lado, Ruju conta com um desenhador com quem colaborou inúmeras vezes nas histórias de Dylan Dog, o veterano Corrado Roi. Nascido em 1958, em Lavello-Mombello, na Itália, Roi estreou-se profissionalmente aos 15 anos, trabalhando como assistente dos desenhadores dos StudiOriga, a agência de Graziano Origa, desenhando histórias para revistas que nem sequer podia comprar, por ainda ser menor... Depois de uma série de trabalhos para pequenas editoras, em 1986 consegue entrar finalmente na editora Bonelli, desenhando histórias de Mister No e Martin Mystere. Logo em Janeiro do ano seguinte, desenha o número 4 da revista Dylan Dog, iniciando assim uma ligação com o detective criado por Tiziano Sclavi, que se mantém há quase três décadas.
Tendo tido ocasião de desenhar a maioria dos heróis da Casa Bonelli, como Brendon, Júlia, Mágico Vento, Dampyr e Nathan Never, a estreia oficial de Corrado Roi como desenhador de Tex, dá-se apenas no livro que motiva este texto. Uma história escrita por medida para o seu estilo, por Pasquale Ruju.

Tal como acontece com outro Texone famoso, O Vale do Terror, ilustrado pelo saudoso Magnus, também neste caso estamos perante uma história mais próxima do fantástico e do terror, do que do Western tradicional, mesmo que muitos dos elementos fantásticos acabem por ter uma explicação racional. Mas a história tem como cenário principal um castelo, construído por um príncipe búlgaro no exílio, e Vladar, o assassino nictalope, que Tex e Kit Carson têm de enfrentar, tem características semelhantes (pelos menos, aparentemente) a um vampiro, o que aproxima mais de outras séries da Bonelli, como Mágico Vento, do que das aventuras clássicas de Tex.
Sendo um dos mais produtivos ilustradores da casa Bonelli, Roi criou um estilo único e rapidamente identificável. Um estilo de desenho sombrio, que sugere mais do que mostra, em que um muito eficaz uso das sombras ajuda à criação de um ambiente fantástico, ou nas palavras inspiradas de Graziano Frediani, um estilo: "feito de efeitos flou, de perspectivas distorcidas, de estilizações sofisticadas, de contrastes expressionistas entre o branco e o negro", que evoca referências da arte como Aubrey Beardsley e Gustav Klimt, e da BD, como Jeff Jones, ou Esteban Maroto.
Mas a verdade é que o estilo sugestivo e sombrio de Roi funciona melhor nos espaços fechados e nos ambientes urbanos de Dylan Dog, do que nos horizontes rasgados das pradarias texianas. Como o próprio desenhador refere: "considero-me um desenhador mais gráfico do que plástico, no sentido em que tenho a tendência a sintetizar, enxugar, usando poucos traços e, sobretudo, o meio-tom. Mas Tex é um personagem que precisa de volume, de formas suaves, esculpidas". Talvez por isso, o duelo final, na escuridão de um subterrâneo, seja a sequência mais conseguida do livro, apesar do desenhador conseguir bastantes páginas de grande beleza e eficácia narrativa ao longo da história.
Além disso, Roi também não altera significativamente a sua planificação das páginas de modo a aproveitar o formato maior dos Texones, tendo desenhado este Texone, provavelmente no mesmo formato em que desenha Dylan Dog. O que me leva a pensar que esta história encaixaria como uma luva no formato mais reduzido com que a Polvo editou o Tex na Patagónia. Neste formato, nota-se mais uma certa falta de pormenor no tratamento dos cenários e o uso excessivo dos grandes planos, mesmo que Roi saiba como pouco transmitir sentimentos através das expressões e do olhar das personagens que desenha.
A história, apesar de um final algo apressado, que precisava de mais páginas para ser devidamente desenvolvido, está muito bem construída, com as personagens femininas a terem uma importância fundamental, como acontece com a cigana Zaira. Mas também há personagens masculinas interessantes, como o Príncipe Florian, e, sobretudo Valdar, que se revela um adversário à altura de Tex e de Kit Carson, e que só a vingança de uma amante traída vai conseguir aniquilar. Sendo um bom exemplo do elevado nível atingido nos Texones, este A Horda do Crepúsculo não está, ainda assim, entre os melhores trabalhos de Corrado Roi. Um ilustrador superlativo que, claramente se sente mais à vontade nas ruas sombrias e enevoadas da Londres de Dylan Dog, do que nos canyons e nas pradarias onde galopam TEX e os seus pards.
Texto originalmente publicado no nº 3 da revista do Clube Tex Portugal, de Dezembro de 2015

Super-Heróis DC 2 - Super-Homem: Contra o Mundo

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GRANT MORRISON EXPLORA AS ORIGENS DO SUPER-HOMEM 
NO VOL. 2 DA COLECÇÃO SUPER-HERÓIS DC


Super-Heróis DC Vol 2
Super-Homem: Contra o Mundo
Argumento – Grant Morrison
Desenhos – Rags Morales e Andy Kubert
Quinta, 11 de Fevereiro
Por + 9,90 €
Tal como aconteceu com o primeiro volume, dedicado à Liga da Justiça, esta colecção continua a explorar as origens do universo Novos 52, desta vez mostrando os primeiros tempos de actividade do Super-Homem, ainda antes de ele possuir o uniforme que todos conhecemos e encontrar pela primeira vez os outros heróis, com quem vai formar a Liga da Justiça.
Um regresso ao passado, orquestrado por Grant Morrison, que foi originalmente publicado nos EUA em 2011, nos primeiros números da segunda série da revista Action Comics. Um título mítico e que não podia ser mais adequado para contar o início de actividade do Super-Homem, pois foi precisamente nas páginas da revista Action Comics, lançada em Abril de 1938, que surgiu o primeiro de todos os Super-Heróis, o Super-Homem, criado por Jerry Siegel e Joe Shuster, dois rapazes de Cleveland, que sem o saberem, tinham inventado um novo género de Banda Desenhada e dado início à Golden Age, a Era de Ouro das histórias de Super-Heróis. E, tal como a versão inicial de Siegel e Shuster, o Super-Homem de Morrison ainda não é o ser todo-poderoso que conhecemos actualmente, um herói invulnerável e de poderes quase divinos.
Nascido na Escócia, Morrison fez parte da célebre "invasão britânica" dos comics americanos, que levou inúmeros argumentistas da Grã-Bretanha a atravessar o Atlântico e a estabelecer-se nos EUA, onde vieram revolucionar o género. Os seus trabalhos para a Vertigo, tornaram-no conhecido, mas a fama chegaria com a novela gráfica do Batman, Arkham Asylum, ilustrada por Dave McKean.
Desde então, o argumentista tem sido responsável por algumas das mais importantes histórias protagonizadas por Batman, Super-Homem e a Liga da Justiça. Na anterior colecção que o Público e a Levoir dedicaram à DC, os leitores puderam apreciar o seu trabalho com a Liga da Justiça, em Terra 2, e com Batman, em Herança Maldita, mas o seu principal contributo para a mitologia do Homem de Aço, a série All Star Superman, criada em parceria com o ilustrador Frank Quitely, permanece inédita em Portugal.
Por oposição ao todo-poderoso herói de All Star Superman, o Super-Homem do volume que chega aos quiosques nacionais na próxima quinta-feira, é um “novo” Homem de Aço, cuja personalidade é um decalque intencional e modernizado da do herói dos anos 30, alguém que ainda não conhece a extensão dos seus poderes e está a começar a descobrir as suas origens. Como refere Morrison: “embora o jovem Kal El/Clark Kent soubesse desde pequeno que tinha sido encontrado nos destroços de uma nave espacial, não fazia ideia de onde é que essa nave tinha vindo. Tem um cobertor indestrutível que o protegeu em criança, antes dos seus poderes se começarem a desenvolver, mas não faz ideia se veio do espaço, de outra dimensão, ou da Rússia.”
Esse cobertor, que o jovem Super-Homem vai usar como capa, e que o próprio Morrison comparou ao cobertor usado por Linus, o famoso personagem da série Peanuts, como símbolo de segurança, é mesmo o único elemento reconhecível do uniforme do Homem de Aço, que aqui se apresenta vestido de calças de ganga, botas Doc Martens e T-shirt. Uma imagem que alguma crítica americana designou como “Bruce Springsteen’s Superman”, pelo evidente paralelo da imagem de working class hero partilhada pelo Super-Homem de Morrison e pelo famoso cantor e compositor americano.
O grande responsável pela nova imagem do Super-Homem de Morrison é o desenhador Americano Rags Morales, que os leitores portugueses conhecem dos dois volumes de Crise de Identidade, publicado numa colecção anterior. Um contributo reconhecido por Morrison, que refere: “Rags traz o seu talento prodigioso para a criação do ambiente e caracterização das personagens. O aspecto “Bruce Springsteen” surgiu porque queria dar resposta a algumas críticas mais recorrentes em relação ao Super-Homem. Que ele é demasiado poderoso, demasiado simpático e usa as cuecas por cima do uniforme. A ideia era regressar às suas origens como “campeão dos oprimidos”, daí a T-Shirt azul e os jeans. Queríamos contar a história de como este jovem herói de sangue na guelra, adquiriu o seu uniforme alienígena e se transformou no primeiro super-herói do mundo.”
Uma nova visão do Homem de Aço, mas onde não faltam referências à história do herói, como o sargento Casey, presença frequente nas páginas de Action Comics e Superman na Idade do Ouro; George Taylor, editor do Daily Star, o primeiro jornal em que Clark Kent trabalhou; ou a alusão aos três membros fundadores da Legião dos Super-Heróis que o visitavam no passado (os tais “dois homens e uma mulher loura”). Piscadelas de olho aos fãs, que ajudam a definir o “novo” Super-Homem de Morrison. Uma versão renovada do herói, que não esquece a longa história da personagem, nem os criadores que para ela contribuíram.
Texto publicado originalmente no jornal Público de 05/02/2016

Super-Heróis DC 3 - Batman: A Corte das Corujas

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Este foi o primeiro editorial que escrevi para esta colecção. Como de costume, podem ler o editorial logo a seguir e o texto de apresentação que fiz para o Público, pode ser lido carregando na respectiva imagem.


O MORCEGO E AS CORUJAS

Ao longo dos mais de setenta e cinco anos que o Cruzado de Capa já leva de aventuras, poucos terão sido os autores a deixarem uma marca tão perene no Batman, como a dupla Scott Snyder e Greg Capullo, os actuais responsáveis criativos da principal revista do Cavaleiro das Trevas, cujo destino asseguram desde 2011, na sequência da remodelação do Universo DC conhecida por Novos 52.
Cinco anos depois dos leitores americanos o terem feito, chega finalmente a vez do público português descobrir como tudo começou, em Corte das Corujas, a primeira história do Batman que Snyder e Capullo assinaram em conjunto, e que está muito justamente considerada como uma das dez melhores histórias do Batman de todos os tempos. Snyder, que durante a sua passagem pela revista Detective Comics já tinha tido oportunidade de escrever Black Mirror– outra história do Batman absolutamente incontornável – volta a não deixar os seus créditos por mãos alheias, assinando uma aventura à altura da importância da ocasião – o relançamento da revista do Batman e de todo o universo DC – que vem enriquecer a mitologia do Cavaleiro das Trevas e a história da sua cidade, Gotham City. E o ponto de partida do escritor é tão simples quanto eficaz: para esta aventura de estreia, em vez de recorrer a qualquer um da vasta galeria de vilões carismáticos do Batman, cria um novo predador à altura do Homem Morcego, inspirando-se na própria natureza.
E. na natureza, o principal predador do morcego é a coruja. Ave de rapina nocturna, de olhar hipnótico, a coruja consegue rodar a sua cabeça até 270° e voar silenciosamente, graças às penas especiais, muito macias e numerosas, que compõem as suas asas. Características que fazem da coruja um dos predadores mais sofisticados da natureza. Considerada igualmente como um símbolo da sabedoria desde a Grécia Antiga, onde era associada à deusa Atena, a imagem da coruja aparece já nas moedas desse período, mantendo-se até aos nossos dias como símbolo de cultura e conhecimento.
São essas características de predador tão mortífero como inteligente, que se associam às corujas, que inspiraram Scott Snyder na criação da história que poderão ler a seguir, em que a própria cidade de Gotham deixa de ser mero cenário, para se assumir como protagonista.
Como refere o autor “Eu gosto das corujas porque, em termos psicológicos, são muito assustadoras – só a maneira como se sentam e olham e estão tão silenciosas é assustadora – é como se se escondessem à vista de todos e achassem que não as conseguimos ver. Quase só pela sua força de vontade, elas tornam-se invisíveis para nós, mesmo quando estão à frente do nosso nariz. De certa maneira, têm alguma coisa de incrível. Alguma coisa que, simbolicamente, podia estar em Gotham há muito tempo. E uma organização secreta, que usa isso como símbolo desde a fundação de Gotham City, pareceu-me apropriado.”
Foi assim que nasceu a Corte das Corujas, uma organização secreta que comanda nas sombras o destino da cidade de Gotham desde a sua fundação, e cuja existência é desconhecida até do próprio Bruce Wayne, embora a história da sua família se cruze com a da organização. Condenado à morte pela Corte das Corujas, Bruce Wayne vai ter de enfrentar a Garra, um assassino altamente treinado, de idade incerta e quase imparável, que revela ser o rosto do vasto exército com que a Corte das Corujas pretende conquistar Gotham.
A contar esta história, ao lado de Scott Snyder, está o desenhador Greg Capullo, conhecido inicialmente pelo seu trabalho com Todd McFarlane na série Spawn, mas que, graças à Corte das Corujas e às histórias que se seguiram, é hoje associado imediatamente ao Batman. Curiosamente, a ligação entre Capullo e o Cavaleiro das Trevas poderia não ter acontecido, pois antes de assinar pela DC, o desenhador tinha também em carteira o convite de outra editora para desenhar a série Vingadores Vs X-Men (já publicada noutra colecção da Levoir), acabando por falar mais alto o seu amor pelo Batman e a vontade de trabalhar com Scott Snyder.
Mas, apesar do resultado final não o deixar transparecer, a colaboração entre os dois criadores teve algumas dificuldades iniciais. Como refere Capullo: “No início, a colaboração não foi simples. Eu estava habituado ao velho método Marvel, em que recebes um argumento sumário, com o mínimo de descrições, constróis a história a partir daí e, no fim, o argumentista escreve os diálogos, mas o Scott mandou-me um argumento de mais de 30 páginas, com tudo descrito ao pormenor e já planificado. Disse-lhe que não conseguia trabalhar assim, e ele respondeu-me que eu não lhe podia dizer como fazer o trabalho dele. Ou seja, no início houve uma certa guerra de egos, mas conversámos e chegámos rapidamente a um acordo. Respeitamo-nos e admiramo-nos mutuamente, e temos um objectivo comum: produzir o melhor livro do Batman possível. Trabalhamos como uma equipa, e as pessoas estão a aderir ao nosso trabalho, o que é óptimo.”
Ao longo da série, as fronteiras entre desenhador e argumentista vão-se diluindo, com Capullo a contribuir directamente para a história, como acontece no capítulo 5, na sequência do labirinto. A ideia de alterar radicalmente o sentido de leitura das páginas, para transmitir de forma mais eficaz ao leitor a sensação de desorientação sentida pelo Batman, foi do desenhador, a que Snyder aderiu prontamente. E essa sequência, tão espectacular como narrativamente inovadora, é apenas um exemplo do trabalho de uma dupla em total sintonia, de tal modo que Capullo não hesita em comparar a sua colaboração com Snyder à de uma das maiores duplas da história da música pop. Nas palavras de Capullo: “O que é excelente é que nós nos estamos a aproximar muito dos Beatles na maneira como eles escreviam canções. O John Lennon escrevia uma parte, o Paul McCartney escrevia outra parte, misturavam as duas coisas e criavam verdadeiro ouro. Ou seja, temos vozes similares mas diferentes, e combinando as nossas vozes, temos criado coisas muito fixes, ou pelo menos, é isso que as pessoas nos dizem”.
Terminada a primeira parte desta história espectacular, restará ao leitor esperar apenas uma semana, para descobrir se o Batman será capaz de impedir o plano da Corte das Corujas de transformar Gotham City na Cidade das Corujas, matando todos os que se lhes opõem.

Super-Heróis DC 4 - Batman: Cidade das Corujas

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O COMBATE FINAL ENTRE BATMAN E A CORTE DAS CORUJAS 

Super-Heróis DC Vol 4

Batman: Cidade das Corujas
Argumento –Scott Snyder
Desenhos – Greg Capullo
Quinta, 25 de Fevereiro
Por + 9,90 €
Depois de, como vimos na primeira parte desta saga, quase ter perdido a vida e a sanidade no Labirinto da Corte das Corujas, é um Batman extremamente debilitado que vai tentar salvar a sua cidade da maior ameaça que conheceu: uma poderosa sociedade secreta que controla na sombra os destinos de Gotham. Uma organização tão antiga como a própria cidade, que impõe a sua lei graças a uma tropa de elite de soldados praticamente invulneráveis e altamente treinados, que nem a morte consegue deter: os Garras.
E o combate entre Batman e os Garra começa logo na Mansão Wayne, onde um Bruce Wayne de robe e pijama tem de combater os Garras. Uma cena que é das mais espectaculares de sempre numa história do Cavaleiro das Trevas, graças à capacidade excepcional que o desenhador Greg Capullo tem de transmitir dinamismo, emoção e movimento, com cada postura das personagens que desenha, e em que vemos finalmente um Batman completamente solto e disposto a vencer a qualquer preço, mesmo que isso implique usar tácticas de combate tão brutais como eficazes.
Embora essa cena mostre que o Batman não precisa do uniforme para agir como um herói, esse herói de mãos nuas, tem o seu contraponto, logo a seguir, no Batman de armadura, que utiliza todos os recursos do seu fato de combate e da própria Batcaverna, para tentar deter o ataque em larga escala da Corte das Corujas. Uma batalha em que Batman vai necessitar do apoio de todos os seus aliados para tentar vencer.
A cena do final do volume anterior, em que Snyder e Capullo recriam o célebre momento que Frank Miller idealizou em Batman Ano Um – quando um morcego parte os vidros da Mansão Wayne, dando a Bruce a inspiração que lhe faltava para se transformar no Batman – acompanhando de seguida o morcego quando ele escapa da Mansão Wayne, apenas para ser caçado e devorado por uma coruja, já deixava perceber como os destinos de Batman e da Corte das Corujas estão intimamente ligados. Mas essa ligação vai ser ainda mais desenvolvida em A Queda da Casa Wayne, a história que complementa este volume, ilustrada pelo brasileiro Rafael Albuquerque e protagonizada por Jarvis, o pai de Alfred e anterior mordomo da família Wayne, em que descobrimos que também os pais de Bruce Wayne tiveram de enfrentar a Corte das Corujas. O que acentua a dimensão familiar desta saga que, como o leitor descobrirá na próxima quinta-feira, traz revelações tão surpreendentes como perturbadoras sobre Bruce Wayne a sua família.
Texto publicado originalmente no jornal Público de 05/02/2016

Um Punhado de Imagens do Coimbra BD

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Começou hoje o 1º Coimbra BD, uma mostra de Banda Desenhada que, se correr bem, poderá um dia dar origem a um Festival de Banda Desenhada com outra ambição. Para já, a adesão do público foi bastante interessante para uma tarde de semana e as coisas prometem animar ainda mais durante o fim-de-semana.
Eu estarei por lá até domingo, nas mesas da Dr. Kartoon e, durante o fim-de-semana terei a companhia de autores como o André Caetano,  João Mascarenhas, Pedro Morais, Marco Mendes, Osvaldo Medina, Ricardo Venâncio, Diogo Carvalho, Paulo Monteiro e o brasileiro André Diniz, que dará um toque internacional a uma iniciativa centrada nos autores portugueses.
No final, aqui farei o balanço da iniciativa, mas para já, deixo-vos com um punhado de imagens do primeiro dia do Coimbra BD, começando pela área comercial e continuando pelas exposições.









Super-Heróis DC 5 - Arqueiro Verde: Ano Um

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Como o texto editorial deste volume é da minha autoria, aqui vos deixo com ele. limitando-se a presença do texto do Público à imagem abaixo.


O NASCIMENTO DE UM HERÓI

Todos os super-heróis têm uma génese, um momento definidor que os leva a abandonar uma vida normal e dedicar a sua existência a ajudar os outros e a combater o crime. Os leitores sabem bem que Bruce Wayne se tornou o Batman para impedir que mais inocentes morressem à mão dos criminosos, como aconteceu com os seus pais, tal como sabem que o jovem kryptoniano Kal El decidiu vestir o fato do Super-Homem, para ajudar o planeta que o acolheu e onde se fez homem. Embora contada de diferentes maneiras ao longo dos tempos, essa origem, na sua base, é geralmente imutável, mesmo que permita algumas interessantes variações. Basta pensar na última história de Batman Noir, de Brian Azzarello e Eduardo Risso, em que é Bruce Wayne quem morre e o seu pai quem se transforma no Batman, ou em Super-Homem: Herança Vermelha, de Mark Millar e Dave Johnson em que a nave que transporta Kal El aterra na Sibéria em vez de no Kansas, alterando profundamente o equilíbrio mundial.
No caso do herói que protagoniza este volume, o Arqueiro Verde, essa origem apresentou diferenças significativas ao longo dos tempos, até ser codificada de forma brilhante por Andy Diggle e Jock em Arqueiro Verde: Ano Um, a história que podem ler a seguir, publicada originalmente em seis edições quinzenais, entre Setembro e Novembro de 2007.
Aquando da sua primeira aparição em Novembro de 1941, nas páginas da revista More Fun Comics # 73, numa história escrita por Mort Weisinger e ilustrada por George Papp, o Arqueiro Verde surge já em acção ao lado do seu jovem ajudante Speedy, dotado de um arsenal de flechas especiais e de veículos como o Carro-Flecha, ou o Avião-Flecha, armazenados na Caverna-Flecha, o que, para além das óbvias semelhanças com o Batman, deixa perceber que a actividade secreta do milionário Oliver Queen e do seu pupilo Roy Harper, como combatentes do crime, não tinha começado naquele momento. Mas os leitores teriam de esperar quase dois anos, até à publicação da história The Birth of the Battling Bowmen, na revista More Fun Comics # 89, em 1943, para finalmente descobrirem a origem do Arqueiro Verde.
Nesta primeira versão, Oliver Queen é um arqueólogo, especializado na culturas primitivas americanas que, depois do Museu de que era Curador ser incendiado por criminosos, parte para uma expedição à Mesa Perdida, um planalto no meio do deserto onde encontra o jovem Roy Harper e o seu criado Quaog, únicos sobreviventes do desastre de avião que vitimou os pais de Roy, De origem índia, Quaog vai ensinar Roy a usar o arco e as flechas, o que lhes permite sobreviver naquele local inóspito, caçando pequenos animais e aves, mas os seus talentos como arqueiro não o impedirão de ser morto por um bando de criminosos que tinham seguido Oliver para roubar os tesouros indígenas escondidos na Mesa Perdida. Para além de derrotarem os bandidos, apenas com recurso a arcos e flechas, Oliver e Roy vão também encontrar um tesouro que os vai tornar ricos a ponto de se poderem dedicar a tempo inteiro ao combate do crime, sem quaisquer preocupações materiais.  
Em meados da década de 50, muitos das heróis da DC, cuja publicação tinha sido interrompida, regressam em novas versões, com novas identidades e novas origens, como acontece com o Flash, Átomo, ou o Lanterna Verde, dando assim início à Silver Age. O Arqueiro Verde é precisamente um dos heróis que regressa nessa altura, mantendo a sua identidade original, mas ganhando uma nova origem, pelas mãos do grande Jack Kirby. Assim, na história The Green Arrow First Case, publicada em 1958, na Adventure Comics # 250, Oliver Queen conta a Roy Harper como, depois de cair acidentalmente do seu iate em alto-mar, vai parar a uma ilha deserta no meio do Pacífico, tendo de fazer um arco improvisado, de modo a poder caçar e assim sobreviver. Os largos meses passados na ilha permitem-lhe tornar-se num arqueiro infalível e num caçador implacável. Capacidades que, uma vez regressado à civilização e à sua Star City natal, vai aplicar ao combate do crime.  
É essa nova origem, estabelecida por Jack Kirby, que vai servir de base a este Arqueiro Verde: Ano Um. Mas, como refere o próprio Andy Diggle: “As origens dos heróis não deviam permanecer imutáveis ao longo das décadas. Foram escritas para as crianças da década de trinta ou quarenta do século XX, não para adultos do século XXI. Se não reformulássemos e adaptássemos essas origens, o Batman ainda usaria uma arma e o Super-Homem não conseguiria voar! (…) a razão porque eu gosto dessas histórias de origens é porque te permitem mostrar a transformação das personagens e essa mudança é que as torna interessantes. O leitor vê Oliver Queen passar de um idiota bêbado para um herói capaz de se sacrificar pelos outros. Esta história é sobre a evolução da personagem, a sua transformação.”
Por isso, Diggle usa elementos da história de Kirby e de revisitações posteriores da origem da personagem, como a de Mike Grell, em Green Arrow: The Wonder Years, onde a referência ao lendário arqueiro Howard Hill, que trabalhou com Errol Flynn, surge pela primeira vez, para criar uma história original e marcante. Para esta história, Diggle vai recorrer ao seu velho amigo Jock, com quem já tinha colaborado em Lenny Zero - uma série derivada do Juiz Dredd, no início da sua carreira, quando os dois trabalhavam para a revista britânica 2000 AD, de que Diggle foi editor e argumentista - e na série Losers, da Vertigo, adaptada posteriormente ao cinema, num filme de grande orçamento, com um elenco de luxo, que incluia Chris Evans, Idris Elba e Zoe Saldaña.
Nascido em 1972 na Escócia, com o nome Mark Simpson, Jock é um artista versátil e talentoso, com uma carreira dividida entre a Banda Desenhada e a ilustração, seja desenhando histórias ou ilustrando capas para a DC e para outras editoras, seja trabalhando na concepção visual de filmes como Dredd ou Ex Machina. Com um estilo extremamente gráfico, em que o desenho manual se articula harmoniosamente com a cor digital, Jock possui um notável sentido de composição, que lhe permite criar páginas icónicas, capazes de funcionar isoladamente, como se de posters se tratassem, mas que em nada atrapalham o fluir da narrativa.
O seminal Batman: Ano Um, de Frank Miller e David Mazzuchelli (já publicado numa colecção da Levoir) colocou a fasquia muito alta no que se refere às histórias de origem dos super-heróis, mas este livro mostra estar à altura de tão pesada herança. Em Arqueiro Verde: Ano Um, Jock e Diggle criam uma história icónica e muitíssimo bem contada, cuja influência é visível, por exemplo, na série televisiva Arrow, que vai aproveitar a personagem de China White, introduzida por Diggle e Jock no universo DC. Uma influência que os escritores da série são os primeiros a reconhecer, ao darem a John Diggle, um dos parceiros de Oliver Queen na luta contra o crime, o mesmo apelido do escritor deste Arqueiro Verde: Ano Um.

Super-Heróis DC 6 - Aquaman: o Abismo

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AQUAMAN EM ESTREIA NA COLECÇÃO SUPER-HERÓIS DC


Super-Heróis DC Vol 6 - Aquaman: O Abismo
Argumento –  Geoff Johns
Desenho – Ivan Reis e Joe Prado
Quinta, 04 de Março
Por + 9,90 €

É já na próxima quinta-feira que os leitores vão poder descobrir aquela que é a primeira história de Aquaman publicada em Portugal. Um dos mais importantes super-heróis do panteão da DC que chega pela mão de Geoff Johns e de Ivan Reis, dois criadores já conhecidos dos leitores do Público, na história que ajudou a afirmar o Senhor dos Sete Mares no firmamento do Universo DC Novos 52.
Criado por Mort Weisinger e Paul Norris em 1941, no nº 73 da revista More Fun Comics, Aquaman é o resultado de uma ligação entre um humano e uma princesa atlante. Um ser capaz de viver tanto à superfície como debaixo de água e com capacidade de comunicar com todas as criaturas aquáticas, dividido pela sua dupla natureza de humano e atlante. Apesar de estrear na década de 40, só bem mais tarde, na década de 60, durante o período conhecido pela Silver Age, é que o Senhor dos Sete Mares ganha direito a uma revista própria e se torna membro fundador da Liga da Justiça. A sua popularidade aumenta ainda mais durante essa década graças à sua participação nas séries de animação The Superman/Aquaman Hour of Adventure e Super Friends, mas a versão mais infantilizada que essas séries, destinadas maioritariamente a um público infantil, apresentavam do herói, aliada ao berrante uniforme verde e laranja que envergava, levaram com que o Aquaman nunca fosse levado muito a sério pelos fãs da DC.  
Para fugir a essa imagem, diversos criadores, como Neal Pozner, que lhe mudou o uniforme, ou Peter David, que lhe substituiu uma mão decepada por um arpão, transformaram o Aquaman num herói bem mais sombrio e torturado. Finalmente, Geoff Johns, como poderemos ver, conciliou a origem e a imagem tradicional do herói, com uma abordagem mais dinâmica, realista e espectacular, aproveitando ainda para ironizar com a visão que o grande público, que o desdenha e o vê como uma piada, tem do Aquaman.
Na sua estreia numa colecção de super-heróis do Público, Aquaman é confrontado com uma estranha e terrível ameaça que surge das profundezas oceânicas e ameaça destruir todo o Planeta. Uma ameaça que se revela a oportunidade perfeita para o Rei dos Sete Mares provar que é um dos grandes super-heróis do Universo DC. Para traduzir essa dimensão mais épica do herói, Johns conta com um aliado de peso no brasileiro Ivan Reis, cujo traço realista e extremamente detalhado e o dinamismo que empresta às cenas de acção, contribuem para o tom épico desta espectacular aventura.
Texto publicado originalmente no jornal Público de 04/03/2016

Super-heróis DC 7 - Super_Homem & Batman: Antologia

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AINDA ANTES DO CINEMA, BATMAN E SUPER-HOMEM ENCONTRAM-SE NOS QUIOSQUES 

Super-Heróis DC Vol 6 Super-Homem & Batman: Antologia
Argumento – Vários Desenho – Vários 
Quinta, 17 de Março Por + 9,90 € 
Exactamente uma semana antes de se encontrarem pela primeira vez nos ecrãs de cinema, Batman e Super-Homem dividem o protagonismo no sétimo volume da colecção Super-Heróis DC, que chega aos quiosques na próxima quinta-feira.
Este volume antológico recolhe, por ordem cronológica, os principais encontros entre os dois mais populares heróis do Universo DC ao longo dos tempos. Criados respectivamente em 1938 e 1939, o Super-Homem e o Batman, apesar de partilharem a capa da revista World’s Finest Comics (que, como o próprio nome indica, recolhia aventuras a solo dos dois maiores heróis do Mundo), desde 1941, só se encontraram pela primeira vez numa BD em 1952, na história A Mais Poderosa Equipa do Mundo, de Ed Hamilton e Curt Swan, aventura que, não por acaso, abre o volume da próxima quinta-feira.
 Seguem-se duas histórias ilustradas pelo grande Neal Adams, nome bem conhecido dos leitores do Público, pois foi o desenhador de Batman: A Saga de Ra’s Al Ghul e Lanterna Verde e Arqueiro Verde: Inocência Perdida, dois clássicos incontornáveis, publicados na anterior colecção que o Público e a Levoir dedicaram à DC. Um dos pontos altos desta edição é a história Ontem, Hoje e Amanhã, escrita por Geoff Johns em 2006, que revisita de forma nostálgica alguns dos momentos mais importantes da história dos dois heróis, interpretados no estilo original de cada um desses momentos por um naipe impressionante de artistas (que inclui nomes como Dick Giordano, George Pérez, Ethan Van Sciver, Adam Kubert, Ed Benes ou Dan Jurgens) que ao longo das décadas deixaram a sua marca nas aventuras dos dois heróis.
Depois de uma aventura escrita por Jeff Lemire, em que o Super-Homem e o Batman combatem ao lado de outro Super-Herói DC, o Átomo, chega outro momento imperdível deste volume: Se Calhar já Ouviram Esta…, uma tão divertida como delirante história, em que Joe Kelly e um punhado de artistas, actualizam e reinventam o primeiro encontro entre Batman e Super-Homem, tal como foi descrito em A Mais Poderosa Equipa do Mundo. A terminar, temos um breve momento de pura poesia de Jeph Loeb e Tim Sale, que imaginam o primeiro encontro entre Clark Kent e Bruce Wayne… que não chegou a ser, terminando em beleza este livro. Um volume antológico, recheado de grandes histórias, que permitirá aos leitores conhecer melhor o Homem de Aço e o Cavaleiro das Trevas, antes do seu tão aguardado confronto nas salas de cinema.
Texto originalmente publicado no jornal Público de 11/03/2016

Super-Heróis DC 8 - Quarto Mundo: Génesis e Apokolips

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Para aquele que é o mais importante volume em termos históricos desta colecção, tive oportunidade de escrever a introdução. Razão porque vos deixo o texto do Público apenas em imagem. este foi um daqueles textos em que foi necessário fazer algumas alterações pedidas pela DC, que naturalmente não afectam a versão que aqui publico, sem quaisquer cortes ou censuras.
E KIRBY CRIOU O QUARTO MUNDO

Se há obras claramente à frente do seu tempo, cujo verdadeiro impacto só é possível abarcar décadas mais tarde, o Quarto Mundo de Jack Kirbyé um desses títulos. Nome maior dos comics americanos, com um trabalho de uma importância tal, que lhe valeu a alcunha de King (Rei), Kirby, que nasceu como Jacob Kurtzberg, em 1917, começou a sua carreira artística em 1936. Em 1939, depois de uma breve experiência com animação no estúdio dos irmãos Fleischer, ingressa nos estúdios Eisner/Iger - onde trabalhou também Bob Kane, o criador de Batman. Aí, sob a orientação de Will Eisner, esteve ligado ao arranque da indústria dos comics, produzindo o mais variado tipo de histórias para várias publicações. Ao longo da sua carreira de décadas, Kirby abordou os mais diversos géneros, do western, às histórias românticas, passando pelas histórias de monstros e o policial negro, mas foi como criador de super-heróis que ganha um lugar maior na história da banda desenhada.
Um percurso que começou em 1940, ao lado de Joe Simon, com quem criou o Capitão América, e teve o seu apogeu na década de 60, ao lado de Stan Lee, com a criação da maioria dos heróis da Marvel. Mas no início da década de 70, Kirby decide trocar a Marvel pela DC, regressando assim a uma casa para onde já tinha trabalhado com alguma regularidade durante as décadas de 40 e 50.
Aí, contando com total liberdade e autonomia, Jack Kirby começou a contar a história do Quarto Mundo. Uma saga épica, de uma dimensão cósmica, que levava o termo Larger than Life - Maior que a Vida - a uma escala inusitada, inteiramente editada, escrita e desenhada pelo King, transpondo para o papel um universo que, conforme refere Marv Wolfman, que na altura trabalhava na DC, já estava na sua cabeça há mais de quatro anos.
Ainda antes da saída dos três novos títulos que contam a saga dos Novos Deuses e o combate entre Nova Génesis e Apokolips, os personagens do Quarto Mundo fazem a sua aparição na revista Superman's Pal Jimmy Olsen, o primeiro título onde Kirby trabalha no seu regresso à DC, e para o qual vai recuperar personagens como o Guardião e a Legião dos Ardinas, criadas aquando da sua primeira passagem pela DC (então National Comics) e introduzir conceitos inovadores, como a clonagem e a nanotecnologia.
A presença do Super-Homem na revista - mesmo que os rostos do Homem de Aço e de Jimmy Olsen fossem redesenhados por Al Plastino, e mais tarde, por Murphy Anderson, para ficarem mais próximos da imagem oficial do Super-Homem na época, que tinha como modelo o Super-Homem desenhado por Curt Swan - permitiu apresentar as personagens do que viria a ser o Novo Mundo a um leque mais vasto de leitores. Dessa forma, abriu-se o caminho ao lançamento em Fevereiro/Março de 1971 do primeiro número da revista New Gods, a que se seguiram as revistas The Forever People, no mesmo mês, e Mister Miracle, em Abril, completando o conjunto de quatro títulos bimestrais (o que obrigava Kirby a desenhar duas revistas por mês) que contam a história do Quarto Mundo.
O tema central da saga do Quarto Mundo é a eterna luta entre o Bem e o Mal, representados por Nova Génesis e Apokolips, dois mundos opostos nascidos do conflito cósmico que levou à queda dos Antigos Deuses e ao aparecimento dos Novos Deuses. Para pôr um termo à guerra sem quartel que ameaçava destruir galáxias, Izaya, o Pai Celestial de Nova Génesis, e o impiedoso Darkseid de Apokolips, decidem trocar filhos como reféns, de modo a assegurar uma trégua. Assim, Órion, o filho de Darkseid, vai ser criado em Nova Génesis, enquanto Scott Free, o filho de Izaya, é enviado para Apokolips.
É este momento fulcral da história do Quarto Mundo que nos é contado em O Pacto, o episódio que abre este volume e que é considerado por muitos como a melhor história de sempre de Kirby. Este episódio é também importante por dar a conhecer a origem de Scott Free, cuja fuga de Apokolips para a Terra, onde se tornará o Sr. Milagre, traz a guerra entre Apokolips e Nova Génesis para o nosso mundo e dá a Darkseid o pretexto ideal para pôr fim à trégua entre os dois mundos. É dessa guerra sem quartel, que põe em risco a sobrevivência do nosso planeta, de que o leitor terá uma visão panorâmica neste volume que proporciona uma primeira aproximação, necessariamente sintética, à história do Quarto Mundo.
Se quisermos encontrar um adjectivo que melhor descreva o trabalho de Kirby em O Quarto Mundo, o único adequado é mesmo kirbyesco, mas épico também está bastante próximo. Essa dimensão épica está patente na força majestática dos desenhos, na corporalidade miguelangelesca das figuras, na pura energia que irradia das páginas cheias de acção, na maquinaria impossível, radiante de poder, que Kirby desenhava como ninguém, e também no próprio tom empolado da narrativa e dos diálogos. Aspectos que, aliados aos próprios nomes das personagens, que remetem para a Bíblia (como Izaya e Esak), para a mitologia clássica (como Órion), ou para a literatura (Desaad, o Cruel, lembra o Marquês de Sade, e Kalibak, o filho monstruoso de Darkseid, evoca Caliban, de A Tempestade, de Shakespeare) mostram a vontade de Kirby em criar uma mitologia para o século XX, pois como o próprio refere numa entrevista de 1984, republicada quase três décadas mais tarde na revista Jack Kirby Collector: "com os Novos Deuses, senti que estava a criar uma mitologia para os nossos tempos. Parecia-me que essa mitologia entretinha os leitores, como era o meu objectivo. O que eu estava a fazer era uma parábola dos nossos tempos."
Mas a verdade é que, ao contrário do que o próprio Kirby pensava, a sua criação estava muito à frente do seu tempo e os leitores não estavam ainda preparados para uma história cuja acção se espalhava por quatro títulos diferentes e que lhes pedia uma capacidade de assimilar um grande leque de personagens e de cenários, que fugiam daquilo a que eles estavam habituados. O resultado foi o cancelamento das revistas New Gods e The Forever People ao fim de apenas 11 números e de Mr. Miracle (a mais próxima do registo tradicional das histórias de super-heróis) após 18 números, numa fase em que a história idealizada por Kirby estava ainda bem longe de estar contada. Só em 1984, aproveitando a reedição da série New Gods, como uma mini-série de seis volumes, Kirby pôde continuar a contar a história do Quarto Mundo, primeiro, com Even Gods Must Die, uma nova história de 48 páginas, incluída no sexto volume dessa reedição, que abre o caminho para The Hunger Gods, uma novela gráfica original, que concluiu a série, deixando no entanto a porta aberta para a utilização das personagens criadas pelo King por outros autores.
Mesmo que Kirby não tenha conseguido contar a história que queria, da maneira como queria, o impacto do Quarto Mundo no universo DC é incontornável. Basta ver esta colecção, onde Darkseid é a ameaça principal dos volumes dedicados à Liga da Justiça e à Legião dos Super-Heróis.
Em American Gods, Neil Gaiman defende que os deuses só sobrevivem enquanto houver quem acredite neles. Por isso, enquanto houver novos leitores a descobrir a magia e a glória do Quarto Mundo de Jack Kirby, os Novos Deuses de Apokolips e Nova Génesis manter-se-ão bem vivos.

Super-Heróis DC 9 - Lex Luthor: Preconceito e Orgulho

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LEX LUTHOR EM DESTAQUE 
NA COLECÇÃO SUPER-HERÓIS DC

Super-Heróis DC Vol 9
Lex Luthor: Preconceito e Orgulho
Argumento – Brian Azzarello
Desenho – Lee Bermejo
Quinta, 31 de Março
Por + 9,90 €
Já dizia Alfred Hitchcock que o sucesso de um filme dependia, e muito, do carisma do vilão. E não há grandes dúvidas de que a DC tem os vilões mais carismáticos da história dos comics. É pois com naturalidade que, depois do Joker na colecção anterior, o destaque do volume que chega às bancas na próxima quinta-feira vá para o outro grande vilão do Universo DC, Lex Luthor, o Némesis do Super-Homem. Novamente, os responsáveis por esta abordagem inesperada da relação entre o Homem de Aço e o seu mais astucioso adversário, são Brian Azzarello e Lee Bermejo, os mesmos autores de Joker, que mostram mais uma vez a incrível sintonia existente entre eles, que lhes permite criar histórias inesquecíveis.
Embora tenha saído depois em Portugal, este Lex Luthor: Preconceito e Orgulho, é anterior ao livro dedicado ao Joker, tendo sido publicado originalmente nos EUA em 2005, como Lex Luthor: Men Of Steel, uma mini-série em 5 partes e foi precisamente o seu grande sucesso que possibilitou a posterior publicação da novela gráfica dedicada ao Joker.
Segunda colaboração entre o escritor Brian Azzarello e o desenhador Lee Bermejo, depois da mini-série Batman/Deathblow: After the Fire, de 2003, Lex Luthor…é uma das primeiras histórias a ter um vilão como protagonista, o que Azzarello justifica com uma maior facilidade em identificar-se com os vilões do que com os heróis, algo que a série 100 Bullets, onde não há inocentes, já deixava perceber.
Outro aspecto extremamente inovador deste livro, é a história ser contada na perspectiva do vilão, que nos apresenta a sua visão do Super-Homem, que Luthor considera, não como a encarnação do sonho americano e símbolo da verdade, da justiça e do modo de vida americano -  como o emigrante que encontrou o sucesso na terra prometida - mas sim como uma ameaça extraterrestre. Um ser quase divino, demasiado poderoso para ser controlado e que Luthor considera como uma potencial ameaça para a humanidade. É precisamente a origem alienígena do Homem de Aço, aliada à sua popularidade, que faz dele um alvo a abater por Luthor, que o teme e o inveja.
Criado por Jerry Siegel e Joe Schuster em 1940, Lex Luthor começou por ser um cientista que criava armas de guerra que lhe permitissem dominar o mundo, mas depois disso já foi homem de negócios impiedoso, milionário, génio científico e até Presidente dos Estados Unidos, mas poucos autores compreenderam melhor a complexidade da personagem do que Azzarello e Bermejo.
Texto publicado originalmente no jornal Público de 25/03/2016

Super-Heróis DC 10 - Legião dos Super-Heróis: Saga das Trevas Eternas

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A LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS ENFRENTA DARKSEID

Super-Heróis DC Vol 10
Legião dos Super-Heróis: Saga das Trevas Eternas
Argumento – Paul Levitz
Desenho – Keith Giffen e Larry Mahlstead
Quinta, 07 de Abril
Por + 9,90 €

Depois de no volume 8 (O Quarto Mundo) o leitor ter podido descobrir em todo o seu esplendor, uma das grandes criações de Jack Kirby e o mais poderoso vilão do Universo DC, Darkseid, pois é a ele que me refiro, regressa para defrontar a Legião dos Super-Heróis, naquela que foi a sua primeira grande aparição depois da saga do  dos Novos Deuses.
Criada em 1958, numa época em que a ficção científica tinha grande peso nas histórias de super-heróis, por Mort Weisinger e Otto Binder, a Legião dos Super-Heróis apareceu pela primeira vez numa aventura de Superboy (o jovem Clak Kent, então ainda a viver em Smallville, com os pais) publicada na revista Adventure Comics. O sucesso foi tal que os jovens heróis do século XXX passaram a ser presenças frequentes nas aventuras de Superboy e criaram uma legião de fãs extremamente fiéis, como Cary Bates, E. Nelson Bridwell e Jim Shooter, o mítico editor da Marvel, que lançou Frank Miller e Walt Simonson, e que, aos 13 anos de idade se conseguiu estrear como argumentista da série, depois de ter enviado a Mort Weisinger umas histórias da Legião que escreveu e desenhou e que impressionaram tanto o escritor, que este o decidiu contratar.
Entre esses fãs que conseguiram trabalhar na série, estão os autores do volume da próxima quinta-feira, Paul Levitz e Keith Giffen, que em 1982, assinaram a Saga das Trevas Eternas, publicada nos nºs 290 a 294 da segunda série da revista da Legião dos Super-Heróis. Uma história que demonstra o talento narrativo de Levitz, que guia o leitor por uma história com dezenas de personagens, ao mesmo tempo que gere o suspense sobre o a identidade do misterioso inimigo da Legião, que os leitores só no final do penúltimo capítulo descobrem que se trata de Darkseid, o impiedoso Senhor de Apokolips
Paul Levitz, que se tornaria um dos mais importantes nomes da DC, editora a que esteve ligado durante 35 anos, como escritor, editor e Presidente (entre 2002 e 2009) já tinha escrito uma vintena de histórias da Legião entre 1977 e 1979, mas será após o seu regresso ao título em 1981, que a Legião dos Super-Heróis vai conhecer a sua fase de maior sucesso, ombreando em popularidade com os Novos Titãs, de Marv Wolfman e George Pérez, de quem os leitores poderão descobrir uma das mais famosas sagas, O Contrato de Judas, no 13º volume desta colecção.
Contribuindo directamente para essa fase áurea da Legião, está o desenhador Keith Giffen, outro fã assumido da série, que vai começar a desenhar a revista a partir do nº 285, fazendo uma grande dupla com Levitz. Criador multifacetado, tão à vontade a escrever como a desenhar, Giffen foi responsável, entre outras coisas, pela fase mais divertida da Liga da Justiça, que escreveu a meias com J. M. De Matteis e, como desenhador, deu prova de uma versatilidade a toda a prova e de uma capacidade invulgar de alterar o registo gráfico, conciliando a criatividade com a eficácia e um profundo conhecimento da história dos comics. Neste caso, a arte-final bastante clássica de Larry Mahlstedt não deixa adivinhar essas características, mas elas estão presentes na planificação dinâmica das páginas, com grande alternância entre vinhetas horizontais e verticais, na linha do que Frank Miller vinha fazendo na revista Daredevil, e também na homenagem que Giffen faz à celebre pintura de Miguel Ângelo para o tecto da Capela Sistina, sobre a Criação do Mundo, que recria no capítulo final da história.
Texto originalmente publicado no jornal Público de 01/04/2016

Jonathan de Cosey no Público - Algumas considerações sobre a colecção... e as suas ausências

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É já no próximo dia 27 de Abril que o Público e a Asa iniciam mais uma colecção de BD franco-belga, explorando como tem sido habitual nos últimos tempo, o vasto espólio da revista Tintin, publicação que marcou gerações de leitores, actualmente entre os 40 e os 60 anos. 
A série escolhida, Jonathan, de Cosey,era uma das minhas favoritas na revista mas, tal como aconteceu com Bernard Prince, a opção de publicar apenas parte da série, parece-me (mais) uma oportunidade perdida, pois dos 16 livros publicados até agora em França, a Asa apenas escolheu 10 para esta colecção, cuja lista podemos ver já abaixo:
De fora ficam portanto 6 livros, que podiam perfeitamente ser editados se se tivesse optado por álbuns duplos (como se fez com a sérieXIII), com a vantagem adicional de a sobreposição com as colecções da Levoir (a dos Super-Heróis DC, ainda nas bancas e a Série II das Novelas Gráficas, que chega em Junho) ser menor. Perde-se assim a oportunidade de editar integralmente a série em Portugal, o que os coleccionadores certamente agradeciam e, mesmo o critério de selecção dos álbuns excluidos, não me parece o mais lógico em termos da própria série e de como ela reflecte os interesses e as inquietações de Cosey.
Iniciada em 1975, a série Jonathan pode ser facilmente dividida em dois ciclos. Um primeiro ciclo, de onze álbuns, que termina em 1986, com Greyshore Island e um segundo ciclo, que compreende os cinco álbuns restantes, iniciado em 1997, com Celui qui Mène les Fleuves à la Mer, álbum que assinala o regresso de Cosey à série, após mais de 10 dedicado a outros projectos, como a novela gráfica Em Busca de Peter Pan, Viagem a Itália e Orquídea, só para falar de títulos editados em Portugal.     
Não podendo editar a série toda, eu teria optado por publicar todo o primeiro ciclo, pois os álbuns que aqui faltam são importantes, como veremos. 
Le Privilège du Serpent, para além da homenagem de Cosey a Derib  (o criador de Yakari e Buddy Longway, que o ajudou a lançar na BD), que empresta o rosto a Casimir Forel, o protagonista da história, é um dos bons álbuns da série e o primeiro em que se torna evidente o fascínio de Cosey pela cultura americana e pelo cinema americano, patente nas referências ao célebre filme de Nicholas Ray com James Dean,Rebell Without a Cause (Fúria de Viver, em português) que estão no centro da história.
Esse fascínio pela América que marca também a obra de Cosey, a par da cultura oriental, é ainda mais evidente no díptico Oncle Howard est de Retour e Greyshore Island, em que Jonathan troca as montanhas do Tibete, pela América, de Nova Iorque à California. Aqui, para além dos cenários americanos, não faltam referências a icones da cultura Pop, como o Rato Mickey (que Cosey desenhou recentemente) e Michael Jackson, mas o que torna esta história verdadeiramente importante no contexto da série, é o regresso de Kate, o grande amor de Jonathan e uma das mais inesquecíveis personagens femininas da BD franco-belga. 
Mesmo com estas falhas globais na colecção, aconselho vivamente alguns dos álbuns da série, como Kate, que ganhou o Prémio de Melhor BD no Festival de Angoulême, de 1982 e, sobretudo, o magnífico O Espaço Azul entre as Nuvens, mas se gostarem da série e souberem ler francês, o melhor mesmo é comprarem antes a edição integral francesa, recheada de belíssimos extras e que, em termos de relação qualidade/preço, bate aos pontos a coleccção que a Asa se prepara para lançar com o jornal Público.

Chernobyl: A Zona evoca os 30 anos da tragédia nuclear

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30 ANOS DO DESASTRE DE CHERNOBYL EVOCADOS EM NOVELA GRÁFICA 

Chernobyl: A Zona 
Argumento – Francisco Sanchez
Desenho – Natacha Bustos 

Quinta, 21 de Abril 
Por + 11,90 € 

No próximo dia 26 de Abril, completam-se precisamente trinta anos sobre a fusão no reactor IV da Central Nuclear de Chernobyl, que deu origem ao único acidente nuclear de nível 7 ocorrido até então, provocando a maior catástrofe nuclear do século XX. É precisamente para evocar esse acontecimento trágico da história recente da humanidade que o Público e a Levoir lançam já na próxima quinta-feira, dia 21, a novela gráfica Chernobyl: A Zona, de Francisco Sanchez e Natacha Bustos, obra inédita em Portugal, distinguida no Festival de Angoulême de 2012, com o Prémio Tournesol, destinado à melhor BD com preocupações ecológicas, publicada no ano anterior.
O desastre de Chernobyl já tinha sido alvo de diferentes abordagens em BD (basta pensar em O Sarcófago, de Christin e Bilal e Printemps à Tchérnobyl de Emmanuel Lepage), mas na novela gráfica que assinalou a estreia dos seus autores, Sanchez e Bustos exploram, não as razões do acidente, mas as consequências que a catástrofe nuclear teve sobre a vida daqueles que habitavam na zona. O que é feito na perspectiva de três gerações de uma família (fictícia, mas que corresponde a muitas famílias reais) de Pripiat, que se vê obrigada a deixar toda uma vida para trás, quando têm de abandonar a casa e todos os seus pertences, para fugirem da área que a radioactividade tornou inabitável.
Ou, como refere Sanchez: “é uma história de desenraizamento. Expulsaram estas gentes das suas terras e das suas casas, dizendo-lhes que regressariam em três dias e nunca mais puderam voltar.” Obra longamente maturada, a ideia de A Zona surgiu a Sanchez em 2006, depois de ver uma exposição no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona, sobre os 20 anos da catástrofe e ganharia forma durante uma visita a Chernobyl em 2009, que lhe serviu para recolher documentação fundamental para o trabalho gráfico de Natacha Burgos.
Embora o traço, tão simples como expressivo, de Natacha Bustos, desenhadora espanhola actualmente a desenhar a série Moon Girl and Devil Dinosssaur para a Marvel, revele ainda algumas fragilidades, naturais numa obra de estreia, isso é compensado por um ritmo narrativo muito equilibrado e por uma extremamente eficaz gestão dos silêncios, que dão ao livro um toque hipnótico, que nos remete, por exemplo, para o cinema de Tarkovsky.
Lançada originalmente no Salão do Comic de Barcelona de 2011, para coincidir com o 25º aniversário do desastre, a publicação de Chernobyl: A Zona, acabaria por coincidir com o desastre de Fukushima, o outro único acidente nuclear de proporções semelhantes à da catástrofe de Chernobyl. Daí a importância do mapa com a localização das mais de quatro centenas de centrais nucleares ainda activas em todo o mundo, que encerra o livro, lembrando-nos, que se Chernobyl é História, a ameaça nuclear continua bem presente.
Texto publicado originalmente no jornal Público de 15/04/2016

Super-Heróis DC 11 - Flash e Lanterna Verde: O Audaz e o Destemido

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Na semana em que chega às bancas o último volume da colecção Super-Heróis DC, aproveito para pôr a escrita em dia e publicar aqui os textos que ainda faltam. Por isso, esta semana, teremos um texto por dia, dedicado aos volumes da colecção ainda não publicados neste Blog. Aqui fica o primeiro.

FLASH E LANTERNA VERDE SÃO O AUDAZ E O DESTEMIDO

Super-Heróis DC Vol 11
Flash & Lanterna Verde: O Audaz e o Destemido
Argumento – Tom Peyer e Mark Waid
Desenho – Barry Kitson e Tom Grindberg
Quinta, 14 de Abril
Por + 9,90 €
Companheiros na Liga da Justiça, o Flash e o Lanterna Verde são dois dos mais carismáticos super-heróis do Panteão da DC, que vão dividir o protagonismo no volume da Colecção super-Heróis Dc que chega às bancas na próxima quinta-feira. Um volume preenchido com uma história cujo título evoca a mítica revista The Brave and the Bold, em cujas páginas os dois heróis se conheceram pela primeira vez, no nº 28, de 1960.
Desde Jay Garrick e Alan Scott nos anos 40, até Wally West e Kyle Rainer no século XXI, vários heróis vestiram o uniforme do Flash, ou usaram o anel do Lanterna Verde, mas para a grande maioria dos leitores, Barry Allen e Hal Jordan são o Flash e o Lanterna Verde definitivos e foram por isso os escolhidos por Mark Waid, Tom Peyer e Barry Kitson para protagonizarem esta história intemporal, que cobre todas as facetas da riquíssima história do Flash e do Lanterna Verde, e da amizade única que os une.
Publicada originalmente entre 1999 e 2000, como uma mini-série em 6 volumes, The Brave and the Bold viu a luz numa fase da história da DC em que tanto Barry Allen (que se sacrificou durante a Crise nas Trevas Infinitas, uma saga já publicada numa anterior colecção que o Público e a Levoir dedicaram à DC) como Hal Jordan, estavam mortos, sendo pensada como evocação nostálgica, em que não falta um toque de humor, da riquíssima trajectória dos mais importantes Flash e Lanterna Verde da história da DC.
Uma história que o argumentista Mark Waid conhece como ninguém e que vai homenagear, com o auxílio de Tom Peyer no argumento e do britânico Barry Kitson nos desenhos, em aventuras em que os dois heróis encontram os seus antecessores da Golden Age (o Flash e o Lanterna Verde dos anos 40), defrontam os seus principais inimigos e, sobretudo, revisitam algum dos mais importantes momentos da sua história, em episódios onde não faltam as piscadelas de olho aos fãs de longa data. Piscadelas que passam pela própria estrutura de cada história, dividida em três capítulos, como era norma nos anos 60 e por pormenores como os nomes das ruas no mapa que o Lanterna Verde dá ao Flash no capítulo 1, que evocam os principais criadores que escreveram ou desenharam as aventuras dos heróis ou longo destas décadas.
Mas a mais bela homenagem acontece no capítulo 4, dedicado a Neal Adams e Denny O’Neil em que Waid revisita a fase incontornável do Lanterna Verde Arqueiro Verde de Adams e O’Neil, durante a década de 70 (de que os leitores puderam ler uma selecção de histórias no volume Inocência Perdida, na primeira colecção dedicada á DC), com Barry Kitson a ceder temporariamente o lápis a Tom Grindberg, de modo a imitar melhor o traço único de Neal Adams.
Texto originalmente publicado no jornal Público de 08/04/2016

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